quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Je suis Coala.

 
 
 




Aqui há uns dias, passou-se uma história engraçada, lá longe. Quase nos antípodas. E, atenção, não é para gozar, a coisa é séria e bonita. Houve um incêndio grande na Austrália, ardeu-me muito eucalipto. Além de danos no eucaliptal, houve ferimentos em coalas. Graves. Vai daí, uma organização benemérita, o International Fund for Animal Welfare (IFAW), lançou uma campanha internacional para fazerem meias para os coalas cujas patas haviam sido terrivelmente queimadas. Chegaram peúgas de toda a parte, da China aos Estados Unidos, do Reino Unido ao Cazaquistão. Desconhece-se se Portugal participou na acção, mas por cá o amor aos bichos ainda não é levado a sério (veja-se as condições inacreditáveis em que se encontram os animais abandonados em Lisboa…).
 

      
        A IFAW chegou a aprovar um modelo de protecção, em algodão, para as patas dos coalas. A afluência de meias foi tal que os senhores da IFAW apelaram com estridência para que parasse tanta benemerência. Enquanto isso, outra associação benemérita, a Australian Marine Wildlife Research and Rescue Organization (AMWRRO), dizia que as meias não protegiam nada os coalas. Como trunfo, a AMWRRO foi a primeira a mostrar um coala em franca recuperação. Jeremy, um jovem macho, está em convalescença profunda. 
 

 
 
         Parece existir alguma compita ente a IFAW e a AMWRRO a ver quem é mais amigo dos coalas, que é um bicho simpático de que toda a gente gosta. Mas o certo é que, por uma via ou outra, os coalas magoados estão todos muito melhor de saúde. Parecerá caricato e ridículo falar de coalas feridos quando há bem pouco houve terroristas a matar jornalistas e anda tudo muito violento por esse mundo fora. Até nos antípodas. Mas, se virmos bem, quem anda mal e violento é o bicho-homem. Os outros animais lá vão levando as suas vidas – se os deixarem em paz e sossego. É uma felicidade ver quando o bicho-homem se preocupa com os seus semelhantes, mesmo quando estes têm pêlo, e patas queimadas a precisar de ajuda. Isto também é ser Charlie Hebdo.




 

2 comentários:

  1. Obrigado pelas suas palavras, tão simpáticas. Todavia, declino qualquer responsabilidade pelo facto de existir. Tudo o resto assumo. Bom ou mau, é meu. Mas existir é a única coisa pela qual não tive a mínima responsabilidade - como sucede, aliás, com todos nós. Desculpe-me, sei que foi força de expressão sua, mas a sua expressão teve tanta força em mim que me senti obrigado a prestar-lhe este singelo esclarecimento.

    Cordialmente,

    António Araújo

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