sexta-feira, 20 de março de 2015

A Declaração de Culpa de Estugarda.

 
 
 
Matthias Grünewald, Retábulo de Issenheim, 1512-1516 (pormenor)
 
 
A Declaração de Culpa de Estugarda (Stuttgarter Schuldbekenntnis) constitui um documento histórico cuja importância não carece ser sublinhada.
Emitida em 19 de Outubro de 1945 pela Igreja Evangélica da Alemanha, a Declaração reconhece a culpa e os erros cometidos no combate ao III Reich. Tendo sido, em larga medida, obra do pastor Martin Niemöller, o texto ainda hoje é criticado pelas correntes revisionistas do passado nazi (por exemplo, aqui). Segundo se crê, nunca foi publicado em língua portuguesa:  
 
O Conselho da Igreja Protestante da Alemanha dá as boas-vindas aos representantes do Conselho Mundial das Igrejas no seu encontro em Estugarda, em 18-19 de Outubro de 1945.
         Estamos profundamente gratos por esta visita, pois sabemos que, em conjunto com o nosso povo, partilhamos uma grande comunidade de sofrimento mas também uma grande solidariedade de culpa.
         Com grande pesar, dizemo-lo: através de nós, um mal infindo foi causado a vários povos e a vários países. Aquilo que, por diversas vezes, já testemunhámos às nossas comunidades, afirmamo-lo agora em nome de toda a Igreja. Durante anos, em nome de Jesus Cristo, combatemos o espírito que teve uma horrível expressão no regime tirânico do nacional-socialismo. Porém, culpamo-nos por não termos defendido as nossas convicções de forma mais corajosa, por não termos rezado de forma mais fervorosa, por não termos acreditado com mais alegria, por não termos amado com mais ardor.
         Agora, um novo começo terá de ser feito nas nossas igrejas. Com base nas Sagradas Escrituras, e dirigindo-nos apenas ao Senhor, elas começam a expurgar do seu seio as influências estranhas à fé e a reorganizar-se. Temos esperança que o Deus da graça e da misericórdia utilize as nossas igrejas como Seus instrumentos e lhes confira autoridade para proclamarem a Sua palavra e para que, em obediência à Sua vontade, trabalhem criativamente no seu seio e entre todo o nosso povo.
         O facto de, neste novo começo, nos sentirmos sinceramente ligados às outras igrejas da comunidade ecuménica enche-nos de alegria.
         Pedimos a Deus que, através do serviço comum das igrejas, o espírito da violência e da vingança, que actualmente se mostra poderoso, seja dominado em todo o mundo, e que prepondere o espírito da paz e do amor, pois só nele a humanidade torturada pode alcançar consolo.
         Assim, num tempo em que o mundo inteiro necessita de um novo começo, imploramos: Veni, creator Spiritus!




1 comentário:

  1. Os cristãos a exemplo de outras seitas fazem recorrentemente uma mea culpa por isto e por aquilo.A confissão, essa safa(de apagar)do passado e serve para o purificar.Uma invenção util como uteis são sempre os pedidos de desculpa.

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